Uma forma de consolar as pessoas é dizer que tudo passa. Tanto as coisas boas, como as ruins. Faz com que a gente pense que tudo é relativo e que nossas penas são grãos de areia na imensidão do oceano do tempo.
Fico pensando na última vez em que meus sonhos e minhas boas relações com o mundo coincidiram. Fico pensando na última vez em que me olhei no espelho e me reconheci inteiro, sem mágoas, sem remorsos, sem estranhamento.
Foi quando eu tinha pouco mais ou menos que 15 anos. Não tinha a pretensão de ser nada. Não tinha feito ainda nenhuma concessão irremediável. Era tímido demais, bobo demais e completamente feliz no meu mundo de livros, histórias em quadrinhos e canções dos Beatles.
Querer que tudo passe logo é colocar na mesma categoria de valores estas lembranças e as penas que fui acumulando pela vida em estratégias loucas de sobrevivência. Loucas porque inúteis, vãs e tolas. Estratégias que foram me transformando em outra pessoa, de quem não gosto. Nem sinto pena. É uma pessoa que me deixa constrangido pelo seu esforço desesperado de se agarrar à vida.
Quando me dizem que tudo passa, mais eu me volto para o passado. Eu era uma outra pessoa, mas uma pessoa bem melhor. Gostaria que pessoas a quem admiro e que são gentis comigo conhecessem este garoto de 15 anos. Talvez elas se sentissem recompensadas pelo tempo e carinho que me dedicaram e dedicam ainda. Deveria existir um mundo para abrigar o melhor de cada pessoa.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
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Eu sempre vi e ainda vejo o seu melhor e é esse melhor que eu amo.
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