terça-feira, 5 de outubro de 2010

O rosto no espelho

O rosto que fito no espelho
reflete você no meio sorriso
e traz um brilho que é novo.
Você está em quem eu sou
de verdade, bem lá no fundo,
nos sonhos e no jeito menino
de andar por aí maravilhado.

Perfume de jasmim

A brisa cobria
de flores
os seus cabelos
e perfumava
os meus dias
de jasmim.

Teu sorriso
de estrelas
tinha o som
da água 
que reflete
o novo dia.

Nosso amor
era melodia,
movimento
das ondas,
um céu claro
que sorria.

Verde-água

Pele de brilho
fluorescente,
de vagalume.
Perfume fugidio
sob os cabelos
de louro branco
sob a nuca.
O orvalho doce
que brotava
de seus lábios.
Minhas noites
eram claras,
verde-água,
quando você
me olhava
do travesseiro.

Teus olhos

Porque quando miro teus olhos
já não escuto ou penso nada,
vivo o instante de tua presença
como um sonho de eternidade.

Porque és todas as crianças boas,
e as mães que as cuidam alegres,
e anjos que todo o bem guardam.

A dança das palavras

Quando escrevia,
via as palavras
bailando em torno
das linhas em branco
como crianças que
brincam a dança
das cadeiras.
As que tinham ouvido
para a música e
noção de espaço
conseguiam ficar
sorrindo até o fim
e faziam a poesia.

Escrevo teu nome

Escrevo teu nome 
na aba do chapéu 
que voa na praia, 
na pétala da rosa 
escondida no mato, 
na asa da borboleta 
que rodopia no ar 
e na tua pele clara 
que o sol faz dourar.

Bom dia, amor!

Quero o raio de sol
que chega dourado
depois de refletir
em seus cabelos.

Quero o sorriso
que seus lábios
refletem num dia
de céu todo azul.

Quero o poema
que vem de você
como um beijinho
de bom dia, amor!

Como o ar

Durma com meu beijo em seus olhos,
sinta minhas mãos segurando as suas,
imagine minha voz dizendo baixinho
que vou estar aqui quando você acordar
e pense que eu te amo profundamente
como o ar que você recebe com doçura
e que lentamente faz seu peito se elevar.

Linha da vida

É no seu rosto que
percorro as linhas
mais simples da vida,
os mistérios do mar
e a imensidão azul.

É no seu rosto doce
que o mundo ri e me 
faz sentir bem-vindo.
Seu olhar me guarda,
me aceita e me guia.

É nas suas palavras
que acho conforto,
perdão e companhia.
Palavras que animam
minha alma e a vida.

Martin Cruz Smith

Se você gosta de romances policiais, faça um favor a você mesmo: leia Martin Cruz Smith. Apesar de ser o autor de uma obra-prima chamada "Parque Górki", ele não é mais publicado no Brasil. O motivo deste boicote é um mistério até mesmo para Arkady Renko, investigador que é o personagem principal dos romances de Cruz Smith. O novo título da série é "Three Stations". Um bebê desaparece e uma garota é encontrada morta num trailer a poucos metros de uma delegacia, no centro de Moscou. A partir daí, Cruz Smith conta uma história em que policiais cafetizam prostitutas, a opulenta máfia russa promove festa em que é preciso pagar 10 mil dólares só para entrar e o grosso da população se entorpece de vodka.
O bairro boêmio de Moscou virou centro comercial para ricaços e uma dondoca exige que Renko retire seu Lada da área, alegando que o carro (deve ser a Brasília amarela dos russos) é capaz de desvalorizar o preço dos imóveis de todo quarteirão em que estiver estacionado. Os serviços mais perigosos e de salários mais baixos são executados por tajiques, do Tadjiquistão, um dos países que integravam a extinta União Soviética. Os tajiques são cada vez mais numerosos na Rússia e há quem preveja que daqui a 10 anos haverá uma mesquita em cada esquina da capital. Todos os imigrantes de países pobres da antiga União Soviética são chamados pejorativamente de tajiques pelos russos, nos mesmos moldes da discriminação contra turcos na Alemanha, argelinos na França, mexicanos nos Estados Unidos e paquistaneses no Reino Unido. Para não falar nos nordestinos que no Rio e São Paulo são rotulados todos como paraíbas.
A vodka é responsável por quatro em cada cinco crimes violentos que não estejam envolvidos com execuções pagas pela máfia. Segundo Arkady Renko, "a vida seria maravilhosa sem a vodka, mas como o mundo não é uma maravilha, as pessoas precisam de vodka. A vodka está no nosso DNA". Renko tem uma teoria sobre isso: os russos são perfeccionistas. Basta ver a dedicação de enxadristas e bailarinas. As pessoas comuns são perfeccionistas em sua bebedeira, achando que o problema não é fazer com que bebam menos e sim fazer com que os outros bebam mais.
Há personagens fascinantes em "Three Stations", como o patologista Willi Pazenko, que é obeso e bebe e fuma sem parar, definindo a si mesmo como um globo humano que tem um cinto como seu equador. Willi sobreviveu a dois grandes ataques cardíacos, sofre de angina e tem uma pressão arterial capaz de levantar a tampa de um bueiro, podendo cair morto a qualquer momento. E Anna Furtseva, de 88 anos, que fez filmes durante o cerco de Stalingrado e agora fotografa tipos humanos que povoam uma das áreas mais sórdidas de Moscou, a das Três Estações, durante a madrugada. E o policial Victor Orlov, um alcoólico que ficou impressionado com a histórias dos golfinhos que tentaram afogar um banhista no litoral da Grécia, indo contra a sua índole pacífica e prestativa. Descobriu-se depois que o tal banhista era russo. Orlov acha que a história dos golfinhos ilustra bem a teoria de que tudo acontece ao contrário para os russos. Ou então o tal banhista estava bêbado e já teria tentado se afogar tantas vezes que os golfinhos resolveram fazer a sua vontade. Orlov conta outra anedota: existem tantas prostitutas russas na Itália que o novo nome lá para profissional do sexo é Natasha.

sábado, 2 de outubro de 2010

Borboletas azuis

Tua voz tem o encanto 
de mil borboletas azuis,
traçando bordados no ar.
Tua voz me fala de coisas
que o vento esqueceu,
segredos de primaveras,
cantigas de ninar sereias,
frases que murmuramos
quando nos faz falta o mar.

Doce te ver passar

Sou aquele que registra
teu olhar que se esquiva,
roupa e cabelo que ajeitas,
os saltos suspensos no ar.

São minhas as imagens
de quando pensas que
estás anônima e invisível,
protegida na multidão.

Porque amo o que tu és
quando estás solta por aí,
achando que ninguém vê
os segredos em turbilhão.

Um dia, o que vi de você
vai salvar meus sonhos
e colorir meus caminhos
com o doce te ver passar.

Vitrines

Queria te ver passar pelas ruas,
a uma esquina de meus desejos,
e seguir teu reflexo pelas vitrines,
teus passos selando meu destino,
teu corpo regendo meu coração.

Queria te ver passar pelas ruas,
tão perto que,se você se voltasse,
nossos lábios se encontrariam,
tão perto que talvez você ouvisse
eu chamar teu nome numa canção.

Brumas do tempo

Escuto a cantiga da chuva
mas é a tua voz que chega
envolta nas brumas do tempo,
com palavras cristalinas
que espalham docemente
pequenas gotas no oceano.

Beira de estrada

O amor aponta o caminho,
é companheiro de jornada,
ilumina e colore a paisagem
e acena da beira da estrada.

Amor é alimento na algibeira,
água ruidosa de cachoeira,
o destino como arco-íris
que espera depois do rio.

Amor é brisa na sombra,
um bosque de relva macia,
sopé florido da montanha
teu abraço de boas-vindas.

Música da chuva

A noite é uma viagem
que faço de olhos fechados.
Escuto a canção das estrelas
e acompanho o som dos passos
da Lua bailando em seus cabelos.

Você é a brisa da madrugada,
árvores que se abraçam no escuro
e a música da chuva inesperada
Que cobre de beijos a sua casa.

Criaturas meio hippies

As flores são criaturas
meio hippies, serenas,
que tomam banho de chuva
e passam o dia adorando o sol.

Cantam a canção do vento e
têm uma relação de paz e amor
com as borboletas e beija-flores.

Celebram a luz de cada dia
com suas vestimentas vistosas
que seguem as cores do arco-íris.

Têm um apego radical à terra
e vivem com a graça e alegria
de quem é sempre primavera.

Primavera

Primavera é a estação
em que deitas na relva
e ficas a me perguntar
os nomes das flores.
Eu olho para o céu em
busca de inspiração
e recito todos os nomes
que já ouvi, misturando
flores e passarinhos.
E você sorri encantada
e diz que sou sedutor
como sol de primavera.

Mil passarinhos

Que em meu corpo habite
o raio de sol mais brilhante,
o perfume de mil flores azuis,
e o canto de mil passarinhos.
Quero estar pronto para quando
você chegar com seu sorriso,
o carinho de mil fadas bondosas
e a alegria que faz girar o mundo.

Feitiço brilhante

Junto os lábios num beijo 
Para a luz de prata, 
as crateras cinzentas,
o dragão meio distante, 
o mar da serenidade, 
a companhia das estrelas, 
a viagem na escuridão, 
o esconderijo de São Jorge, 
naves abandonadas na areia, 
a face oculta, the dark side.
Partilho com os cães mais
doidos o ritual de uivar,
celebrar noites de lua,
feitiço brilhante que te
faz debruçar na janela
e sonhar com amores,
noites de verão na praia
e paixões na madrugada.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Confeitos de alto mar

A menina queria
uma história
que fosse doce
e que falasse
dos bichinhos
que vivem no
fundo do mar.
E gostou de
ouvir sobre os
biscoitos em
forma de estrela
que dançavam
à noite sobre
as ondas para
a sobremesa
do siri dengoso
e das sereias.

Língua estrangeira




Foram mais de mil
as noites em que você
leu para mim numa
língua estrangeira,
usando a pronúncia
que as letras sugeriam.
Minha imaginação
seguia os sons, as
palavras desconhecidas
e formava histórias,
sem qualquer sentido,
como as dos sonhos
que logo eu sonharia.