terça-feira, 24 de agosto de 2010

A última vez que vi Lara

Yuri Jivago está num bonde quando vê Lara andando na calçada. Ele tenta chamá-la, desce do bonde, corre alguns passos, mas Lara não o vê. Yuri morre na última vez que vê Lara, o amor de sua vida, sua paixão proibida, a mulher para quem escrevia poema numa casa vazia, perdida no gelo da Sibéria. "Dr. Jivago" é um filme de David Lean, o diretor das causas perdidas. Se ele fosse brasileiro e católico, seu santo de devoção seria São Judas Tadeu.
Todos os filmes de David Lean mostram que a vida não faz graça a ninguém. O melhor talvez seja "Desencanto" (Brief Encounter), em que uma mulher casada se apaixona por um médico, também casado, que conheceu numa estação de trens. O romance dura pouco, mas é intenso. Algumas sessões de cinema, muitas xícaras de café, a fuligem da estação de trens. Nada dá certo e eles acabam se separando. Na platéia, pessoas que na vida real condenariam o amor clandestino, torcem para que eles abandonem tudo e peguem o primeiro trem para o terminal mais distante.
A última vez que vi Lara me deu a certeza de que o que mais quero é que seja Lara a minha última visão nesta vida. E que ela esteja com a mão sobre a minha e sorrindo para mim.

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