domingo, 11 de abril de 2010

Você não sabe como é


"Você não sabe como é amar uma pessoa do jeito que eu te amo". É o que diz Janis Joplin em sua versão de "To love somebody", dos Bee Gees. Cada pessoa ama, pensa e sente de um jeito. Esta experiência é intransferível. Cada indivíduo é único e não pode ser substituído. Quando vemos aquelas fotos de pilhas de sapatos de vítimas do Holocausto, a dor é a soma de tudo que imaginamos que aquelas pessoas foram. O dono de um daqueles pares de sapatos gostava de tocar piano e tinha um gato de estimação. Outro colecionava selos, adorava geléia de morango e tinha uma namorada. Aquela menina queria ser atriz de teatro. Uma outra sonhava em ter uma pequena casa no campo. Todos desapareceram e esta perda não pode ser compensada. Cada ato de maldade tem consequências irreparáveis. John Donne escreveu que não se deve perguntar por quem os sinos dobram, porque eles dobram por você, uma vez nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo.
O lado bom de cada experiência ser única é quea gente pode recriar a realidade e ficar pasmo com cada nova roupagem com que a realidade se apresenta. Voltando à canção, se já era emocionante ouvir Barry Gibb cantando "To love somebody", como descrever a intensidade que Nina Simone coloca na mesma música? Como não reviver os ideais da Era de Aquário na versão solar de Janis Joplin? Mesmo que a gente não tenha o talento de Janis, é importante deixar o nosso testemunho, expor a nossa individualidade, porque outras pessoas terão a oportunidade de ver o que é uma pessoa, com suas qualidades e defeitos, sua eventual falta de talento, mas principalmente sua alegria de viver, e vão se sentir animadas a fazer o mesmo, E, o mais importante, passarão a respeitar mais cada indivíduo, passarão a amar mais a vida.

Um comentário: