quarta-feira, 21 de abril de 2010

Feliz aniversário, Jane Avril!


No dia do meu aniversário, penso no tempo que tomei emprestado de todos aqueles a quem admiro e que não viveram tanto tempo quanto eu, mas que viveram mais intensamente e deixaram o que pensar, o que sentir, o que alegrar.
F. Scott Fitzgerald já estava meio cansado e não tinha mais a energia para escrever um romance que se comparasse a "Suave é a noite", quando morreu aos 44 anos. Franz Kafka talvez já tivesse esgotado sua cota de pesadelos com insetos quando sucumbiu à tuberculose, aos 40 anos. Mas Toulouse-Lautrec poderia ter retratado sua amiga Jane Avril no Mulin Rouge de formas ainda mais esfuziantes e Van Gogh poderia ter feito por outras flores e outras árvores o mesmo que fez pelos girassóis e ciprestes, se ambos não tivessem dado o último suspiro antes dos 37 anos.
Tem um filme excelente, mas pouco conhecido, "Meus quinze anos", em que um personagem diz que seu sonho era de voltar no tempo e dizer a Van Gogh que seu trabalho seria mundialmente apreciado como a obra de um gênio, embora eu duvide que Vincent tenha feito o que fez pensando na glória ou na posteridade. Acho que ele se emocionaria mais com a canção "Starry starry nights", que Don MacLean fez em sua homenagem.
Marcel Proust escreveu o monumental "Em busca do tempo perdido" em seus 51 anos de vida. Billie Holiday gravou músicas que vão nos embalar eternamente, embora não tenha passado dos 44 anos. Edgar Alan Poe, que mal chegou aos 40, nos deixou Annabel Lee e Arthur Gordon Pym. Oscar Wilde não precisou ultrapassar os 46 para nos deixar frases perfeitas de humor e inteligência. Tudo isso para dizer que há tempo suficiente para realizar as coisas, se houver engenho e arte.
Nem todos têm talento, nem todos têm a preocupação de realizar obras inesquecíveis. Para estes, e é o meu caso, a vida é um andar em meio às gentes, um passeio para admirar o grande presente de todos os nossos aniversários que é a vida. E agradecer pela oportunidade da jornada e comemorar todos os sonhos e alegrias com nossos amores e amigos, sejam eles reais ou imaginários.

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