sexta-feira, 9 de abril de 2010

A mãe do robô


"Blade Runner - O caçador de andróides", de Ridley Scott, é um filme sobre emoções e sobre o significado da vida. Logo no início, um replicante mata um entrevistador que toca num assunto sagrado para os humanos: a mãe. O replicante, mesmo sem ter uma pessoa como referência, se enfurece com a invasão de sua privacidade e com a curiosidade sobre suas origens. Todos querem ser filhos do amor incondicional, até mesmo os andróides.
Rachel, a replicante que não sabe que é um andróide, fica arrasada quando Deckard, o caçador de andróides, lhe diz que suas memórias de infância, incluindo a foto que ela guarda da suposta mãe, não passam de implantes. Ela, mesmo sendo um robô, chora, se magoa e vai embora como se tivesse perdido o sentido de sua vida. Mãe é importante: não pelo carinho que nos nega, nem pela indiferença com que nos trata, mas por ser a nossa origem, o ponto onde nossa trajetória começou. Nem precisa ser a mãe biológica, mas aquela criatura que nos amou, que nos incentivou a seguir vivendo, sem pensar em dar um tiro na cabeça.
Os quatro replicantes que são caçados no filme se rebelam porque se sentem humanos e acham injusto que só tenham quatro anos de vida. Foram programados para ter emoções, são quase humanos, mas têm a durabilidade de uma máquina, um liquidificador ou uma batedeira. No final, Roy Batty, o líder dos replicantes rebeldes, poupa a vida de Deckard por ter adquirido o respeito pela vida, seja lá o quanto ela dure. Pena que Deckard tenha o mesmo respeito pela vida e não demonstre arrependimento pelos replicantes que matou. Em "Blade Runner", os replicantes têm motivações mais nobres que os humanos. É verdade que Rachel mata o replicante Leon, mas foi para salvar Deckard. E fica abalada por tirar uma vida, coisa que Deckard não faz. Enquanto os replicantes lutam pela vida, Deckard é um exterminador, o trabalho que se espera de uma máquina que não pensa nem sente.
Deckard se apaixona por Rachel e foge com ela. Ele sabe que ela tem quatro anos de vida, mas pensa: quem de nós sabe quanto tempo vai viver?

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