Uma das grandes frustrações da minha vida é a de morrer sem ter conseguido entender o baseball, aquele jogo que é disputado num campo com formato de diamante, com jogadores que empunham um bastão ou uma grossa luva de couro. A conclusão que tiro deste fato é devastadora: se não entendo baseball então é bem provável que eu tenha passado pela vida sem entender as namoradas que me deram um fora, a exasperação de parentes e a desolação de professores. Se não entendo um jogo que é amado por milhões de americanos, cubanos e japoneses, entre outros, é porque sou um caso perdido.
É verdade que falhei em outros empreendimentos, como por exemplo o idioma alemão. Estudei regularmente alemão por quase três anos e só sei o significado de algumas palavras e como construir frases simples. Não faço a menor ideia de como funciona o jogo de críquete, apesar de todos os filmes e romances ingleses que devorei. Meu desempenho nas aulas de Física, Química, Geometria e Matemática sempre foi ridículo.
Não que eu seja tão burro assim: entendo as regras e o funcionamento do futebol americano, aquele da bola oval, dos capacetes e das ombreiras. É um jogo interessante, mas impraticável no Brasil: como fazer uma bola de meia no formato oval? E também não é o caso de me fazer de vítima, dizendo que falhei em tudo. Aprendi a nadar borboleta, o que é uma coisa difícil de se fazer. E cheguei a participar de competições na modalidade.
Mas, baseball foi demais para mim. Por que nem todos os jogadores usam o bastão? Por que correm como loucos de uma base para outra? Por que ficam felizes quando despacham a bola para fora do estádio? Não ficam tristes com o prejuízo de perder uma bola? E por que cospem tanto, meu Deus? Não tem uma graminha para colocar naquele campo empoeirado? O fato é que eu não acertaria a bola nem se ela estivesse amarrada ao taco.
Por que me preocupo tanto com isso? Se há vida depois da morte, ela vai levar uma eternidade e é possível que as pessoas recorram a passatempos à esperado Juízo Final. Gostaria de ter a opção do baseball como passatempo. Morro de medo de morrer de tédio.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
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