sexta-feira, 5 de março de 2010

Uma tia velha e doida


Keith Richards está cada vez mais parecido com a tia velha e doida que eu não tive. No documentário "Shine a light" que Martin Scorsese fez com os Rolling Stones, Keith aparece em todas as suas mais agradáveis dimensões: está afetuoso, bem humorado e cada vez mais apaixonado pela guitarra, como um menino que não se separa de seu brinquedo favorito. Contam que Johnny Depp se inspirou na personalidade exuberante de Keith para compor seu personagem mais popular, o pirata Jack Sparrow. Ficou tão bom que convidaram o guitarrista para fazer o papel de pai de Sparrow no terceiro filme da série "Piratas do Caribe".
"Shine a light" mostra os Stones com todas as suas rugas, marcas de uma vida bem vivida e feliz, a vida de quem sempre pôde fazer o que gosta. O documentário resgata imagens do tempo em que nem Mick Jagger sabia que a banda faria tanto sucesso e por tanto tempo. Nos anos 60, os Beatles eram os bons meninos e os Stones, os marginais. Os Beatles acabaram depois de uma briga feia, enquanto que os Stones estão aí, ainda na estrada, com Keith cantando abraçado com Mick Jagger, num gesto de amor impensável entre John Lennon e Paul McCartney.
O visual de Keith, mais despojado que o mais radical dos hippies, me faz sorrir. Seu fiapo de voz me emociona quando canta "Connection", canção do álbum "Between the buttons", que foidesprezado pelos críticos mas está entre os meus preferidos. Acompanho Keith de longe, com o orgulho de ver que um amigo de infância não abandonou meus ideais de menino. Ainda mais quando ele saúda o público dizendo com a intensidade da emoção de seus eternos solos de guitarra que é muito bom ver toda e qualquer pessoa e estar em todo e qualquer lugar.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. É claro que aqui neste espaço aqueles que amam cinema terão um grande crítico e boas sugetões.

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